Se a cúpula da TV acreditou que agradaria a cúpula do Santos, mostrando ao vivo o confronto contra a Ferroviária, errou feio. Conselheiros ficaram revoltados quando perceberam que a emissora ficou sete anos sem mostrar partidas do clube pelo Campeonato Paulista, à exceção dos clássicos.
Os torcedores santistas já haviam percebido esse descaso há anos. A preferência por Corinthians, Palmeiras e São Paulo, na dona do monopólio do futebol neste país. Na década de 90, ainda havia um alívio porque a Globo permitia que a Bandeirantes, sua parceira, mostrasse jogos diferentes do seu. E, 'empurrava' as partidas do Santos.
O troco contra a emissora carioca foi dado de maneira descabida e irresponsável, várias vezes na Vila Belmiro. Carros com o logotipo da emissora já foram danificados, amassados, tiveram vidros quebrados. Quando há partidas importantes em Santos, a Globo envia, já há anos, carros sem identificação alguma.
Narradores e comentaristas globais costumam não ir à Vila Belmiro. Ficam na emissora transmitindo os jogos dos estúdios. Só os repórteres são obrigados, por motivos óbvios, a irem ao estádio. Motivo? Medo de agressão.
O ex-presidente Modesto Roma sempre foi um dos dirigentes mais revoltados com essa situação. Ele sabia que executivos globais consideravam o Santos um 'derrubador de audiência'. E decidiu romper o vínculo umbilical que o clube mantinha com a Globo. No dia 12 de fevereiro de 2016, anunciou ter assinado contrato com o Esporte Interativo.
O Santos foi a primeira equipe entre os originais formadores do Clube dos 13 a romper com a Globo. E firmou compromisso com o Esporte Interativo para os Brasileiros entre 2019 e 2024. Isso para o Brasileiro nos canais a cabo. Na tevê aberta, até por não ter qualquer outra emissora mostrando os jogos, seguirá com o canal carioca.
Impossível afirmar que a Globo resolveu se vingar. Apenas seguiu mostrando menos jogos do Santos do que os do Corinthians, São Paulo e Palmeiras, como sempre fez.
O novo presidente santista José Carlos Peres foi aconselhado a tentar refazer vínculos que Roma rompeu. Primeiro, com Neymar. E, depois, com a Globo. Há muita resistência no clube por essa postura. Segue muito rancor com o jogador pela estranha transação com o Barcelona, que rendeu mais dinheiro a ele do que ao Santos.
E com a Globo, a questão é mais profunda.
Conselheiros não querem reaproximação de jeito algum.
A ponto de o jogo de amanhã ser visto como 'migalha'.
Porque logo voltarão as partidas do Corinthians, Palmeiras e São Paulo.
A questão fica ainda mais revoltante.
Porque não há previsão de transmissão de novos jogos do Santos contra times pequenos no Paulista de 2018.
Antes do confronto de amanhã com a Ferroviária, o último jogo do Estadual nestas condições, mostrado pela Globo, foi no dia 23 de janeiro de 2011, contra o Grêmio Barueri.
Há longos sete anos.
O atrativo amanhã será a reestreia de Gabigol.
Depois, o Santos voltará ao limbo.
Só sendo mostrado em clássicos.
Mesmo nas fases decisivas do Paulista, suas partidas vão para o Sportv.
E a tevê aberta fica reservada a Corinthians, Palmeiras e São Paulo.
A lembrança dessa circunstância irrita conselheiros importantes que apoiaram Peres.
Nas redes sociais, torcedores santistas também não comemoram.
Pelo contrário, mostram sua revolta.
O termo 'migalha' é repetido muitas vezes.
Por coincidência, ou não, o presidente José Carlos Peres, fará o que a Globo tanto desejava. Vai mandar seus jogos da Libertadores no Pacaembu. "100% ou 95% deles", afirmou.
A Globo terá muito mais recursos para mostrar os jogos.
E seus profissionais segurança para trabalhar.
Ficarão livres da Vila Belmiro...
Fonte : r7esporte