Em ação orquestrada, vândalos das organizadas forçam o final do jogo contra o Independiente. O 0 a 0 custou o fim da Libertadores para o Santos
Estava emocionante, tocante.
Cuca violentou sua montar o time.
Escancarou o Santos.
Os jogadores deixaram a alma, o coração em campo.
Vanderlei defendeu um pênalti cobrado por Meza.
Tomou bola no travessão de Hernandez.
Viu um pênalti não marcado contra ele.
A torcida, lotou o Pacaembu, gritou, empurrou o tempo todo.
A equipe ficou, inclusive, no gramado, durante o intervalo. Em uma tentativa desesperada de repetir a história, na inesquecível vitória por 5 a 2 contra o Fluminense, na semifinal do Brasileiro de 1995. Já que havia perdido por 4 a 1. O Santos precisava vencer, como hoje, por três gols de diferença, tal como há 23 anos.
Até mesmo o ex-jogador Giovanni, personagem principal naquela goleada por 5 a 2, resolveu aparecer hoje no Pacaembu.
Mas aos poucos, a esperança foi morrendo.
A eliminação do time, que empatava novamente em 0 a 0 com o Independiente, era dolorida demais. Porque veio de fora dos gramados. Na incompetência da diretoria santista que não checou a condição legal do volante uruguaio Sanchéz e provocou uma derrota burocrática por 3 a 0.
Aos 36 minutos do segundo tempo, certos de que o time não conseguiria a façanha de marcar três ou quatro gols nos argentinos, os vândalos infiltrados nas organizadas santistas começaram a agir.
Orquestrados, todos de uma vez.
Uns passaram a soltar rojões na direção do banco do Independiente. Enquanto outros, do outro lado, forçavam o portão central do Pacaembu, para invadir o campo. Alguns poucos conseguiram e foram agarrados pela polícia, enquanto Cuca e os jogadores tentavam livrá-los da cadeia.
E outros a quebrarem cadeiras e jogar os pedaços no gramados.
Tudo vergonhosamente combinado.
A vontade era clara.
Forçar o fim da partida.
Dar a resposta à Conmebol pela punição.
Provocada pela incompetência da diretoria.
O jogo foi dado por encerrado.
O Santos acabou eliminado
E será duramente punido na próxima competição sul-americana que disputar.
Final triste e previsível.
Cujos culpados são seus próprios dirigentes.
Enquanto a bola rolou, o resumo é fácil.
O ótimo time do Independiente conseguiu conseguiu travar os brasileiros, foi muito melhor taticamente, desperdiçou um pênalti, não teve outro marcado a seu favor.
A equipe moderna, de excelente marcação, compactação, vibração, recomposição não é campeã da Sul-Americana por acaso. Ariel Holan é um dos melhores técnicos da América do Sul.
E obteve a classificação para as quartas de final da Libertadores.
A incompetência da diretoria santista foi a responsável pela eliminação do time na Libertadores. A punição por haver escalado o uruguaio Sanchéz acabou prevalecendo. O 0 a 0 na Argentina se transformou em 3 a 0 para o Independiente.
E de nada adianta o presidente José Carlos Peres espernear, avisar que vai apelar para a Fifa. Jura que fará tudo para conseguir parar a Libertadores. Da mesma maneira que garantia que conseguiria anular a punição que a Conmebol avisava que daria por escalar Sanchéz, na Argentina.
Pura promessa vazia.
E terá de conviver com o fracasso proporcionado pela sua diretoria. Mais o prejuízo financeiro de não seguir na mais importante competição das Américas.
Cuca deu uma demonstração inesquecível de honestidade. Teve a coragem, a hombridade de tocar no ponto mais delicado, o que travou qualquer chance santista de sucesso na Libertadores.
"Eu posso ser mandado embora, mas vou falar. O Santos tem que melhorar muito profissionalmente, internamente, muito, não é pouca coisa não. Isso que ocorreu é um erro muito grave e muito grande, é 'beabá' do futebol, de situações.
"Isso resulta em tudo que aconteceu hoje. O torcedor já veio louco da vida para o jogo. A gente veio sem poder dormir. Precisamos melhorar e muito. Eu quero o bem do Santos."
O técnico acusou os dirigentes, responsáveis não só pela eliminação santista, mas pelo vexame no Pacaembu.
A partida de hoje foi marcada pelo desespero.
Cuca tratou de colocar o Santos no ataque.
De uma maneira que não gosta, insana.
Gabigol, Rodrygo, Bruno Henrique, González.
Parecia um time da década de 70, escalada no 4-2-4. Contra os argentinos, que se mantinham impassíveis. Dominando as intermediárias, primeiro mandamento do futebol moderno. No 4-5-1, a vantagem era nítida, travando as tabelas, as triangulações pelas laterais.
Nada é por acaso.
Vale destacar que o Independiente é o time que menos permite chutes ao seu gol na Libertadores.
De nada adiantou o Santos tentar marcar por pressão. Descer em bloco. O time de Cuca é limitado. E foi completamente dominado pelo nervosismo. O apoio pungente da torcida só deixava a todos tensos. Faltava técnica, talento e estratégia.
Para piorar, o chileno Julio Bascuñan decidiu travar o jogo. Marcava todas as faltas. Não dava vantagem de propósito. Queria a todo custo evitar briga, conflito entre os atletas.
Irritados com a eliminação garantida, aos 36 minutos do segundo tempo, vândalos da torcida santista passaram a agir. A soltar rojões perto do banco argentino.
Era o sinal para acabarem com o jogo.
Conseguiram.
O árbitro Julio Bascuñan encerrou a partida.
Por falta de segurança.
Estava absolutamente certo.
Os vândalos só anteciparam a eliminação santista.
Queda provocada por inércia da diretoria de José Carlos Peres.
Como confirmou o corajoso Cuca..