Abel Neto sente preconceito nos estádios: "Português claro: macaco"
Repórter da TV Globo fala de xingamentos mas diz que intolerância e falta de educação na arquibancada não são só a negros. Repórter Ana Thaís Matos endossa
Durante o programa "Bem, Amigos!" desta segunda-feira, o preconceito no esporte foi tema de discussão. O apresentador Luís Roberto perguntou sobre o assunto ao experiente repórter Abel Neto, da TV Globo, um dos convidados da noite. A repórter Ana Thaís Matos, da CBN, também convidada, também se pronunciou. Tanto Abel Neto, filho do ex-jogador Abel, ponta-esquerda que atuou no Santos de Pelé, América e Coritiba, como Ana Thaís não identificam nos bastidores do futebol qualquer tipo de discriminação a raça ou sexo. Mas da arquibancada para dentro do gramado, a situação é outra.
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- Já muitas vezes (senti descriminação). Até hoje às vezes. Quando vou a algum estádio, dependendo do estádio, ainda tem alguns xingamentos. Em português claro: "Macaco!". Esse tipo de falta de educação, intolerância, tem em relação a todo mundo. Independentemente de ser negro, às vezes é por bairrismo, já vi com mulheres repórteres também, ofensas, xingamentos, então são coisas que ainda existem, infelizmente, Não só no Brasil, em todas as cidades, mas nos países, no mundo. Acho que todo mundo é igual, se você tiver oportunidade, homem, mulher, negro, branco, japonês, índio, enfim, você tem oportunidade e você vai atrás, você consegue - afirmou Abel Neto.
Só completando para deixar claro que ainda bem que são minoria essas pessoas mal-educadas. A maioria é carinhosa, respeitosa com o nosso trabalho..."
Abel Nato, repórter da Tv Globo
Campeão olímpico pelo Brasil na Rio 2016, o técnico Rogério Micale tomou a palavra e elogiou o exemplo de superação do repórter e das repórteres também vítimas do preconceito num meio considerado machista mas que nos bastidores, na verdade, não tem essa característica. Abel Neto emendou, explicando que para ingressar no ambiente profissional a discriminação de raças ou sexo jamais foi percebida.
- Só completando para deixar claro que ainda bem que são minoria essas pessoas mal-educadas. A maioria é carinhosa, respeitosa com o nosso trabalho... E em relação a entrar no trabalho, a pergunta que você fez sobre discriminação... a resposta é não. Mas a gente ainda enfrenta esse tipo de coisa desagradável no dia a dia, dependendo do ambiente.
Bem, amigos! com Abel Neto e Ana Thaís Matos (Foto: Reprodução)"Bem, Amigos!" teve Abel Neto e Ana Thaís Matos como convidados: preconceito também foi tema (Foto: Reprodução)
"Da arquibancada pra dentro"
O apresentador Luís Roberto brincou com o fato de Abel Neto ser filho de ex-jogador de futebol - o ponta-esquerda Abel, ex-Santos - e perguntou se isso ajudou abrir as portas.
Você passa atrás do gol, tem aquele xingamento ofensivo. Eles tentam reduzir sua capacidade, a sua sexualidade. Sempre subjugam a capacidade da mulher a um segundo plano."
Ana Thaís Matos, repórter da CBN
- Pra ser jornalista... Se eu quisesse ser jogador... Não... Não ajudou, mas não atrapalhou. Se eu quisesse ser jogador tava ferrado - disse Abel, arrancando gargalhadas.
Depois de Rogério Micale voltar a abordar o tema sobre o clima considerado machista no meio do futebol, a repórter Ana Thaís Matos também se pronunciou e fez questão de esclarecer: o preconceito contra as mulheres parte das arquibancadas.
- Nunca passei nenhuma situação de machismo ou de assédio com a comunidade do futebol, com jogador, dirigente. Em cinco anos que eu sou repórter, nunca passei com ninguém ligado ao futebol. Tudo o que aconteceu comigo foi de fora pra dentro, da arquibancada pra dentro. Porque as pessoas dizem... ah, o futebol tá chato porque não pode aquele grito homofóbico que tem pra goleiro, que foi uma coisa horrível que o futebol brasileiro adotou. O futebol não tá chato por isso. M