Doyen cobra R$ 45 mi do Santos por Lucas Lima; clube vê ações para minar gestão..
Empresa que detém 80% dos direitos do meia, que afirmou que irá se transferir ao Barcelona, notifica presidente alvinegro baseada em proposta do Crystal Palace apresentada em agosto de 2016
Por Leonardo Lourenço, São Paulo
22/06/2017 16h53 Atualizado há 3 horas
O fundo de investimento Doyen, que detém 80% dos direitos econômicos do meia Lucas Lima, notificou o Santos na última segunda-feira para cobrar 12 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões) do clube pela porcentagem. A empresa se baseia numa proposta do Crystal Palace, da Inglaterra, que foi apresentada em agosto do ano passado ao Santos e ao jogador.
De acordo com a notificação, o Santos teria desrespeitado o acordo entre o clube e o fundo em três pontos: indicar se pretendia aceitar ou não a oferta; informar se o jogador manifestou interesse na transferência; e compartilhar com a Doyen a evolução das tratativas com Crystal Palace.
No documento, a empresa afirma que o valor de 12 milhões de euros é o que os investidores deixaram de receber com a recusa do Santos à oferta inglesa.
O fundo, por fim, ainda aponta que na “remotíssima” hipótese de não ser reconhecido o direito da Doyen aos 80% - os contratos estão sendo discutidos na Justiça e numa câmara de arbitragem –, a empresa exige o pagamento da indenização também prevista no acordo, de R$ 5,5 milhões mais 10% de juros ao ano, o que hoje alcançaria cerca de R$ 8 milhões.
Lucas Lima recebeu e recusou proposta do Crystal Palace, da Inglaterra, em 2016 (Foto: Ivan Storti/ Santos FC)
A notificação, enviada quase um ano depois da oferta do Crystal Palace, é vista pelo presidente Modesto Roma Júnior como mais uma ação da Doyen para minar sua administração poucos meses antes da eleição no clube – o atual mandatário é candidato à reeleição.
No Santos, acredita-se que há influência do fundo em dois episódios recentes: a contratação de Geuvânio pelo Flamengo e a saída de Lucas Lima, que afirmou que irá ao Barcelona em janeiro, sem render um centavo para o clube alvinegro.
Santos e Doyen se estranham desde os primeiros meses da gestão de Modesto, que questiona os contratos assinados com o fundo pela administração anterior. Entre os acordos que foram levados à Justiça, estão os que deram à empresa fatias de Lucas Lima e Geuvânio – os processos ainda não tiveram resolução e todos os valores estão retidos.
Na Vila Belmiro, até a proximidade entre a Doyen e o atacante Neymar é vista como sinal de que o fundo trabalha para causar problemas para Modesto. A Doyen é responsável por explorar a imagem do jogador do Barcelona na Ásia. Por outro lado, o pai de Neymar, que gere a carreira de Lucas Lima através da empresa N&N, tem papel importante na decisão sobre o futuro do meia. A contratação do camisa 10 santista pelos catalães foi um pedido pessoal do astro da seleção brasileira ao presidente do Barcelona.
Os santistas também apontam que o bom relacionamento entre a Doyen e o Flamengo foi importante para que os cariocas fechassem a contratação e Geuvânio – a empresa Carabao, que estampa sua marca na camisa rubro-negra é de Nélio Lucas, diretor da Doyen.
Clube que revelou Geuvânio, o Santos tinha interesse no retorno do atacante. Havia uma cláusula incluída na venda do jogador ao Tianjin Quanjian, da China, que determinava a obrigação de o jogador voltar à Vila Belmiro caso fosse emprestado a algum clube brasileiro. Por entender que houve quebra no contrato, o Santos cobra R$ 1,8 milhões dos chineses.
Notificação enviada pela Doyen ao Santos (Foto: Reproduçãp)